O projeto promovendo transformações

O grupo de saúde da comunidade Menino Jesus é muito atuante. Mas não foi sempre assim. O projeto Beth Bruno ajudou na estruturação do trabalho destes agentes comunitários de saúde.

A Comunidade Menino Jesus, como Igreja, começou em 1983, no bairro de Mapiri, em Santarém. Não existia um templo. Havia apenas uma cruz e ali eram realizadas as celebrações. Com o tempo, a comunidade construiu uma capela de palha que, com o tempo ruiu. Mais uma vez, a comunidade se uniu e conseguiu construir a igreja. Não havia água. Era uma época de muitas lutas e conquistas.

Palmira Corrêa Campos (foto), grande líder comunitária, foi convidada a participar do Projeto Beth Bruno e, desde o início, se identificou muito com a abordagem e o conhecimento que adquiria durante os encontros.

Em 2011, quando o material foi fornecido aos agentes, Palmira se sentiu muito triste, pois não podia assumi-lo. A regra era que os grupos só poderiam assumir o material do projeto se fosse formados por, pelo menos, duas pessoas, para evitar a sobrecarga dos voluntários. Seguindo o exemplo de sua comunidade, Palmira não desistiu e conseguiu levar ao projeto outros agentes.

A comunidade, mais uma vez, teve uma atuação importante ao apoiar o esforço deste grupo de voluntárias. Os atendimentos estão se intensificando e a divulgação acontece boca a boca. Segundo elas, se divulgassem mais, o grupo não teria tempo para atender todo mundo.

Acompanhe, a seguir, a entrevista que foi feita com os agentes de saúde desta comunidade.

Como está estruturado o grupo desta comunidade?

Trabalhamos com doze pessoas na área da saúde. Destas, seis participaram das formações do projeto e, dentro do grupo, multiplicamos o conhecimento. Somos um grupo que trabalha unido e em harmonia, aprendemos a nos relacionar e a cuidar dos outros. Toda semana, às terças-feiras, nós nos reunimos para estudar e fazer os atendimentos. Padre Lalo, coordenador do Projeto Beth Bruno em Santarém, é um grande incentivador dos nossos trabalhos.

Qual a influência do projeto Beth Bruno na criação do grupo e na área da saúde desta comunidade?

Já existia um trabalho com xaropes caseiros e de prevenção feitos pela Pastoral da Criança. A partir do Projeto Beth Bruno, iniciamos a Pastoral da Saúde. A formação dada pelo Projeto nos trouxe autoconhecimento, estímulo e desenvolvimento pessoal. Isto nos fez crescer como indivíduos e como grupo. A partir deste conhecimento, conseguimos cuidar da comunidade, de nossas famílias e de nós mesmas.

Vocês têm usado os florais ?

Sim. Antes de cuidarmos da comunidade com as terapias que aprendemos no projeto, nós as utilizamos em nós mesmas. Depois que sentimos os efeitos, passamos a indicar para as pessoas. E os resultados têm sido muito positivos. No caso dos florais, muitas de nós sentimos uma grande diferença em nossa postura depois que começamos a utilizá-los. Algumas se sentem mais corajosas, outras mais calmas. Há pessoas do grupo que conseguiram sanar algumas feridas emocionais e outras que tiveram uma maior compreensão da sua doença física e, a partir desta compreensão, conseguiram se curar.

Então, houve uma mudança de postura em relação à saúde?

Sim. Muitas vezes, vemos os movimentos sociais e as pessoas brigando pelos seus direitos, o que é válido e necessário. Mas nós tínhamos uma postura que delegava a saúde apenas ao Estado, portanto, o cuidado vinha de fora. A partir do projeto e da Pastoral da Saúde, nós reconhecemos a autonomia e responsabilidade que temos de cuidar da própria saúde. Ao assumirmos esse cuidado, estamos optando por algo que me pertence e começo a trabalhar pelo meu bem estar.

E como é a saúde financeira do grupo? Há geração de renda?

Para começarmos os trabalhos e pagarmos os materiais que foram fornecidos pelo Projeto, nós nos reunimos, fizemos uma salada de frutas e vendemos na comunidade.

Ainda não conseguimos gerar renda para as voluntárias, pois todo dinheiro é reinvestido para aquisição de material, para a formação e reforma na infraestrutura. Todos os trabalhos e remédios são cobrados, mas quando uma pessoa é muito pobre, nós doamos.

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