Semeador de saúde

A bonita história do trabalho do Padre José Dillon, um dos grandes missionários divulgadores das terapias integrativas e complementares e parceiro de muitos trabalhos sociais que desenvolvemos

Nos últimos tempos, Inês Felipe sofreu vários assaltos que acabaram por desencadear um grande medo. “Não me sentia bem e ficava com muito receio de sair na rua.” Por várias vezes, ela tinha ouvido o padre José Dillon falar sobre os atendimentos com a terapia floral que acontecem no quarto sábado do mês na paróquia São Paulo Apóstolo, na zona leste de São Paulo. Decidiu ir.

“Faz seis meses que faço o tratamento com a Luzia, terapeuta floral. Estou me sentindo muito bem, os florais têm me ajudado muito. Agora faço as coisas que preciso e já estou saindo sozinha.”

Antes da chegada do padre José na paróquia, Luzia Villar tinha superficialmente ouvido falar dos florais, não fazia ideia do quão útil eles podem ser enquanto uma terapia para o mundo psíquico e emocional. “Quando ele começou a dar os cursos, me animei a fazer e cursei junto com a segunda turma. Fiquei apaixonada, principalmente por ser natural e acessível a todos.”

Luzia faz parte de um grupo de 16 terapeutas que nesse sábado chega a atender cerca de 27 pessoas do bairro nas mais diversas terapias integrativas e complementares, como reiki, biomagnetismo, quick massage, bem como reflexologia, quiropraxia, auriculoterapia, florais e RIC. Além disso, às terças e quintas-feiras acontecem as sessões de acupuntura e às quartas de biomagnetismo.

Esse núcleo de saúde que foi criado na paróquia pelo padre revela uma das suas principais características: por onde trabalha, investe nos cursos, ensina e depois cria um espaço para os atendimentos da comunidade. Tem sido assim desde que voltou do Pará transferido para trabalhar no Jardim Miriam, na zona sul da capital paulista, depois em Jacareí, interior de São Paulo, e agora no bairro Jardim Quarto Centenário.

Quem é ele?

Padre José DillonPadre José Dillon nasceu em Dublin, na Irlanda, entrou no seminário com 23 anos e foi ordenado padre em 1972 na congregação do Verbo Divino, na Irlanda. No dia 12 de outubro de 1973, veio para Brasil, bem na festa de Nossa Senhora Aparecida. Trabalhou em São Paulo, na cidade e zona rural de Registro até que em 1983 foi enviado para Santarém, no Pará, onde ficou até 1988.  “Assumi como pároco da paróquia São Raimundo Nonato, mas 15 dias do mês visitava as comunidades nos rios Amazonas, Arapiuns, Aruá e Maró. Dormia a bordo do barco por causa dos carapanãs (pernilongos), nas casas das pessoas das comunidades e nas sacristias das capelas, onde os morcegos não me deixavam descansar”, relembra.

Durante os cinco anos que viveu no Pará, trabalhava também com um grupo de teatro, chamado São José de Anchieta.

“Fui o primeiro a usar o teatro para ajudar na evangelização”, diz ele.

E acompanhava vários cursos sobre ervas e plantas medicinais para tratar dos problemas locais, como gripes e vermes, e sobre alimentação saudável. A partir daí, começou a sua “formação” dentro das terapias naturais para cuidar da saúde do corpo, da mente e das emoções, ainda mais que naquela época sofria com as dores de cólica renal e precisou ser operado.

“Enquanto estava cercado de água dos rios, não bebia muita água. Quando saí de Santarém, prometi que faria algo para não passar tanta dor novamente. Encontrei um outro padre que passava pelo mesmo mal e ele me colocou no projeto Probiótico, do Yong Suk Yung. Fiz uma mudança na alimentação combinada com exercícios físicos. Eu me senti bem e percebi que se essa experiência fazia bem para mim, poderia fazer bem aos outros também”, explica.

“Como a saúde pública era bastante precária no bairro e não foi possível incentivar um grupo a interessar-se pela causa da saúde pública, começamos com a saúde complementar, já que não queríamos entrar em conflito com a medicina ortodoxa porque é necessário trabalhar com as duas.”

Uniu-se a esse fato, um encontro que ele teve com o padre Otávio Mexicano, em 1992, que lhe pediu para dar um curso de fitoterapia na paróquia. “Como há pouco acesso às plantas frescas na cidade, ele ensinava como fazer tinturas com micro doses das plantas.” No mesmo ano, alguns amigos lhe trouxeram da Inglaterra, os florais de Bach e lhe indicaram que conhecesse a Dra. Lucia de Bartollo, que desenvolvia um trabalho com florais no Jardim Miriam, em São Paulo. “Assim, eu e algumas senhoras da paróquia fizemos o curso com ela e começamos o trabalho social que existe há 26 anos”.

Então, tudo começou com a fitoterapia, depois vieram os florais e, pouco a pouco as outras terapias foram incluídas”, explica ele que dá cursos de fitoterapia, florais de Bach, geoterapia, hidroterapia e bioenergético.

Luzia diz que sempre admirou muito o padre José pelo seu jeito terno e acolhedor de tratar as pessoas. “Mas ele vai além do que já faz, literalmente se doa para ajudar. Ele nos ensina os métodos naturais que, junto com a nossa fé, opera milagres.”

E o resultado de todo esse trabalho?

Desde 2012, ele formou 35 terapeutas florais. Diz gostar de transmitir as informações acumuladas nesse segmento da saúde durante todos esses anos de trabalho. “Com 75 anos, quero que todos tenham a oportunidade de aprender ou ao menos ouvir a sabedoria que acumulei sobre naturoterapia. Tem uma estória que gosto muito, ouvi na Amazônia: um homem descobriu o pau X, um remédio para picada de cobra. Ou seja, morreu sem divulgar o segredo.”

O projeto social Beth Bruno, lançado no Pará em 2010, é mais uma das iniciativas em saúde que teve o padre José Dillon como fundador. Clique aqui e saiba mais!

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